Ambiente ora futurista, ora retrô, transitando na selva dos tempos, na lama que jorra da barragem rompida do capital que definha, incapaz de conter o fluxo desta fauna infinita que segue ampliando o círculo e se alimenta de suas raízes pulsantes, dançando sobre os escombros, compartindo sentidos e sentimentos neste baile aleatório de celebração da natureza humana e da música afro-latina-indígena-surfista, funkeira e futurista brasileira. >>>>Música autoral e download de discos.
Ainda em 1977 fomos presenteados por outra estreia maravilhosa, de uma banda que, assim como a Black Rio, tem um som que mistura elementos do Funk, Samba, Guitarra Baiana, Baião, Jazz e Rock Progressivo - porém com uma marca maior do samba em suas composições. O grupo se origina no Rio de Janeiro com músicos que acompanhavam os Novos Baianos, entre eles o grande Armandinho Macedo, guitarrista implacável que carrega a marca da Bahia em seus solos de notas enganchadas.
Banda carioca formada em 1976, lança um ano depois esta obra-prima "Maria Fumaça" um disco instrumental que consegue transitar de forma genial entre elementos do samba, baião e jazz, amarrados pelo groove ininterrupto do funk e soul. A Black Rio é até hoje cultuada no mundo todo, comparada a grandes nomes do funk como Kool and The Gang, mas seguia pouco conhecida no Brasil até pouco tempo, quando surge o movimento de resgate da cultura funky-soul. A liberdade de divulgação da música pela internet trouxe à tona grandes pérolas da música brasileira que não tiveram nos anos 70 o espaço para divulgar seu trabalho na grande mídia, e estiveram caladas por muitos anos em alguns raros vinis que sobreviveram às poeiras do tempo.
Itamar Assumpção & Banda Isca de Polícia - Beleléu Leléu Eu (1980)
Voltando ainda mais na linha do tempo do afro-futurismo brasileiro podemos apontar nossas velas em direção ao trabalho diverso e magnífico de Itamar Assumpção e a Isca de Polícia, que neste disco registrado na Lira Paulista já mostra desde o título essa tendência à esquizofrenia musical que tanto nos interessa. Navegamos entre os icebergs de samba-rock, fragmentos de ritmos afro e reggae psicodélico, agarrados às tábuas de uma poesia inconcreta.
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Escute já!
Faixas
Todas as músicas foram compostas por Itamar Assumpção, exceto quando notadas:
1) Vinheta
2) Luzia
3) Fon fin fan fin fun (Older Brigo, Itamar Assumpção)
Os Titãs, essa mega-banda mutante, surgida em São Paulo e que segue firme como uma das maiores da história do nosso rock, foram meus primeiros ídolos, na tenra infância já pirava com sua energia e suas letras fortes e lúdicas. Se fosse citar aqui o disco deles que mais considero seria o Cabeça Dinossauro, disco já consagrado como o melhor dessa longa carreira.
Porém para compor esta lista na qual pretendo fundamentar as raízes do movimento Manguebit em
suas representações mais diversas (e muitas vezes não intencionais) e suas influências diretas e indiretas, me proponho a ir mais fundo em seus trabalho e trazer um disco que explora ritmos fora do rock de forma mais expressiva. Lançado em 1989 "Õ Blésq Blom" está temperado principalmente com o reggae, dub e elementos da música experimental. Já se faz introduzir por um sample com sotaque nordestino e em seguida entra "Miséria" e somos capturados instantaneamente ao soar das primeiras notas sintéticas, vibrantes, dançantes, uma obra prima desde a parte instrumental à letra
que pode ser considerada um hino poético à nossa riqueza imaterial.
Seguindo esta lista de álbuns que surgiram naquele momento rico e crucial dos anos 90 em que surgiria o movimento Manguebit, devemos voltar os olhos para os arredores e buscar na sonoridade da época quais eram os grupos que já planejavam remar contra a maré e cujas primeiras braçadas nos guiaram e hoje se tornaram referências incontestáveis, já tidos como clássicos mas ainda muito atuais - os brasilienses do Raimundos tiveram a audácia de combinar o rock pesado, meio punk/hardcore mas com um peso e pegada do metal, mas o que tornava novidade seria já desde seu álbum de estreia um tempero da música nordestina nos ritmos, letras, vocabulário, onde se reconhece o forró, xote e xaxado, produto dessa cidade que gosta de rock e tem gente do país inteiro.
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Escute Já!
Faixas
Todas as letras foram escritas porRodolfo Abrantes, exceto onde indicado. Todas as músicas foram compostas por Raimundos, exceto onde indicado.
Que seja longa essa jornada que iniciamos hoje, eu e você, primeiro leitor deste blog que reorienta os pixels da sua tela e as frequências sonoras ao seu redor para criar esta conexão e permitir que eu compartilhe pouco a pouco com você aquilo que vamos descobrir sobre a música que nos rodeia.
Juntos vamos nos emocionar em cada nota de um disco lançado ou encontrado perdido nas brumas do tempo, vamos nos calar e apreciar o momento de uma descoberta, a vertigem causada à beira dos abismos e profundezas inexploradas dos novos estilos que ainda surgirão diante de nós, e juntos vamos nos jogar nesse abismo e sobrevoar maravilhados as possibilidades que surgirão em nossas mentes ao absorver tantas novas ideias e vamos sincronizar nossos esforços para criativamente nos apoderar das descobertas e nos conectar de outras formas ao materializar nossos encontros musicais e resignificá-los em todos os contextos que sejam imaginados. Compor novas teias musicais, tecer novos sons, reunirmos em festivais físicos e virtuais.
Apesar da poesia sinto que o silêncio já não pode durar mais nesta sala e por isso se torna inadiável a escolha do anfitrião que soará o gongo de partida desse baile.
Fica claro neste momento que precisamos fincar raízes antes de começar a dar frutos na lama instável desse mangue. Portanto as nossas primeiras postagens serão regadas de saudosismos. Iniciaremos com um TOPODEZ de alguns dos discos mais importantes nesta caminhada que nos trouxe até aqui hoje a passos randômicos. Então sem mais delongas, solta o som, djHanDom!
Ícone máximo do movimento manguebit, não poderia haver disco mais apropriado para inaugurar este blog. Lançado em 1996 traz no groove embolado do baixo, elevado à máxima potência pelo baque das percussões e temperado nas levadas psicodélicas e ritmadas da guitarra, as marcas da tradição pernambucana do maracatu como alma e essência únicas que dão força e originalidade para a rebeldia inseparável do rock. O caos que sai do mangue e se espalha, o caos enlamaçado dos trópicos, é compreendido e traduzido para a gente dançar buscando na inventividade e criatividade do brasileiro afro-latino os nossos próprios caminhos- a nossa cultura como modo de vida e não como mero produto - em contraponto a uma cultura massificada que tentam nos vender, embrulhada no plástico descartável;
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Escute já!
Faixas
Quase todas as letras foram compostas por Chico Science, conforme descrito abaixo: